Dar-se sem esperar muito do outro - Por Augusto Cury
Com o passar do tempo, os relacionamentos deveriam envelhecer como o vinho, tornar-se mais encorpados, agradáveis. Mas muitos vinhos se tornam um bom vinagre. O prazer se dissipa e os atritos ganham corpo.
Uma das
mais inteligentes ferramentas intelectuais que Jesus usou para proteger
sua emoção e construir relações saudáveis foi se doar sem esperar o
retorno, pelo menos excessivamente.
Nada gera
tanta decepção na relação entre marido e mulher, pais e filhos,
professores e alunos e entre amigos do que esperar o retorno das pessoas
no mesmo nível que nos doamos. Damos afeto esperando que o afeto volte.
Dispensamos atenção esperando que os outros nos dêem a devida
consideração. Expressamos o amor esperando retorno do mesmo sentimento
de entrega. Nada é tão frustrante do que tal espera.
Jesus era
um especialista em se doar e mais especialista ainda em não esperar dos
outros a mesma resposta. Ele amava e desejava que as pessoas o amassem,
mas não esperava ansiosamente o retorno. Entre desejar e esperar o
retorno há um grande abismo.
Jesus
cuidava afetivamente das pessoas, mas cuidava atenciosamente dele. Sabia
que se exigisse muito sofreria muito. Ele era um mestre na arte de
proteger sua emoção. Foi seguido por multidões, mas morreu isolado,
abandonado.
O mais
inteligente dos discípulos o traiu e o mais forte o negou, mas não
exigiu de Judas a fidelidade nem de Pedro a coragem. Ele não fez nada
para mudar a disposição deles.
Respeitava
seus limites. Quem espera a mesma moeda de troca nas relações sociais
contrai uma altíssima dívida emocional, frequentemente impagável. Quem
espera pouco acumula crédito emocional.
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