Com o coração na alturas


Eu sofri. Meu Deus, como eu sofri com amores errados, ilusões, migalhas, coisas que achava que eram e nunca foram, paixonites enlouquecidas, vontades desesperadas. Eu posso dizer para você com todas as letras do alfabeto eu-sofri-muito. Hoje, vejo que sofri me procurando. É porque hoje percebo que a gente só encontra o amor depois de se achar. Ou pelo menos de tentar se encontrar. Eu estava em paz, uma paz boa, uma vontade de ficar comigo, de ser minha amiga, de fazer dar certo essa relação difícil que existe entre nós e nós mesmos, de cuidar bem de mim, de tomar conta da minha vida do jeito certo. Então, ele apareceu. Ele apareceu na minha vida de mansinho. Eu apareci na vida dele devagarinho. Nós aparecemos na vida um do outro, sem pedir nada, sem cobrar nada, sem dizer nada. Depois, as palavras. Elas, que me seduzem. Elas, que me envolvem. Elas, que me aproximam. Foram as palavras que me aproximaram dele. E foram elas que me conduziram até o amor da minha vida. Entre uma palavra e outra, uma inquietação. Entre uma inquietação e outra, a curiosidade. Entre uma curiosidade e outra, um medo. Será? Entre um será e outro, um relâmpago chamado coragem. Fui. Ele veio. Nós fomos. Daquele dia em diante, não ficamos um dia sequer sem nos falarmos, seja por telefone, e-mail, mensagem, telepatia. Entre uma conversa e outra, um sentimento. Entre um sentimento e outro, o amor e, com ele, a definição. Sim. Sim. Sins.

De lá pra cá, dois anos e quatro meses. De lá pra cá, descobertas, caminhos, tropeços, quedas. De lá pra cá, medos, receios, verdades. De lá pra cá, nós. O amor é mesmo maluco. Ele vem quando estamos distraídos. Ele chega quando menos precisamos dele para nos mostrar o quanto somos mais felizes junto com alguém. Já vivi situações em que ele podia ter ido embora. Já senti o medo de perder tudo um dia. Já fiquei me perguntando como tudo isso seria. Vi que, independente de tudo e acima de qualquer coisa, o amor é um sentimento que vive em mim, que caminha ao meu lado, que me acompanha aonde quer que eu vá. Não posso me perder dele, tampouco abrir os dedos e deixar que ele se vá. É por isso que eu acho que a gente deve cuidar de quem ama como se fosse a primeira vez. Não dá para deixar o costume e a rotina entrarem de sopetão. Para amar, tem que ser inteiro. Para amar, a gente dispensa a matemática, por mais que um mais um seja dois. Para amar, o bom português basta. É só abrir o coração e boca e dizer eu te amo.



Por Clarissa Corrêa

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