Despedida...

 
Rezei que para que a minha voz soasse firme naquela despedida, que ela não saisse trêmula como meu corpo que nesse momento tremia, pelo frio abandono, pelo vazio do esquecimento que aquele fim de amor me trazia. Por um momento, tive medo das suas palavras, mas sempre optei por um fim limpo, em que nada fica por dizer (sabendo que sempre ficará algo por dizer, que algumas palavras ficam- nos presas ao coração, e não conseguimos lbertar-nos passe o tempo que passar ), mas desejei um fim claro, sem jogos, em que tentamos justificar o que talvez não tenha justificação, mas saimos com a certeza de ter tentado.

 Mas ainda que desejemos a verdade nunca estamos realmente preparadas pra ouvi-la.
E tive vontade de adiar aquele momento, ou recuar pra vários dias atrás, pra quando aquela despedida ainda se encontrava longe dos planos, aqueles dias leves em que acreditavamos no “Pra Sempre”.
Ele do outro lado da linha recomeçou o seu discurso.
...
Lembranças de uma história que nesse momento virava passado corriam lentamente sobre minha cabeça que nem um filme, uma comédia romântica com um roteiro e final diferente, porque dessa vez a mocinha não viveria feliz com o mocinho.

 A voz dele mantera-se a mesma de sempre, calma, serena, profunda. Relativamente mais profunda que nos outros dias, porque desta vez perfurava-me a alma.
Enquanto ele procurava as melhores justificações pra ter tomado a decisão de desistir de mim sem luta, de seguir um rumo diferente do meu, de refazer planos que não me incluissem.
Me dizendo palavras e clichês que iam entrando uma a uma no meu coração, e se fixavam,se acomodavam, maltratavam, corróiam.

 As lágrimas rapidamente escorreram sobre meu rosto, e queimavam.

 Por um momento agradeci a Deus por a tecnologia não ter avançado tanto ao ponto de celulares transmitirem sentimentos.

 Porque no momento o celular mostraria uma alma sem rumo, uma mulher despedida de orgulho chorando que nem uma menina frágil que perde o seu brinquedo que a faz companhia durante os dias , mostraria a dor sem mascáras, a dor de quem perde um amor.

 Quis gritar, dizer que não se termina assim uma historia de amor como a nossa, implorar pra que ficasse, explicar que não saberia o que fazer com os dias restantes, dizer que estava pegando um táxi e em meia hora estaria lá pra ele dizer tudo aquilo olhando pra mim, mas ainda me sobrava uma ponta de orgulho, quis sair com a cabeça minimante erguida diante dele.

 Engoli um soluço, as batidas do meu coração tornaram-se lentas, a voz saia fraca, mansa, como quem perde todos armas e forças,e já não pode mais lutar, apenas desejei secretamente que a vida cuidasse dele como eu não mais poderia.


IMELDA SITOLE

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